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Futuro de Baixa Fertilidade: Consequências para a Economia e Sociedades

Futuro de Baixa Fertilidade: Consequências para a Economia e Sociedades
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  • Abril 19, 2024
  • 4 Minutos de Leitura

Um estudo recente revela que a maior parte do mundo enfrentará sérios desafios ao crescimento económico devido à diminuição da força de trabalho e à necessidade de assistir a população envelhecida. Este estudo, publicado na revista científica britânica Lancet, alerta para as drásticas quebras nas taxas de fertilidade até 2100, com enormes consequências para as economias e sociedades.

Um Mundo Demograficamente Dividido

Os autores do estudo destacam um “mundo demograficamente dividido” e apelam aos governos para planearem face às ameaças emergentes, que incluem:

  • Segurança alimentar
  • Saúde
  • Ambiente
  • Segurança geopolítica

Previsões de Fertilidade

Segundo o estudo, até 2050, mais de três quartos dos países não terão taxas de fertilidade suficientemente altas para manter o tamanho da população. Este número aumentará para 97% até 2100. Além disso, a percentagem de nados-vivos quase duplicará nas regiões de baixos rendimentos, passando de 18% em 2021 para 35% em 2100. Prevê-se que a África Subsaariana será responsável por metade das crianças nascidas no planeta em 2100.

Para sustentar a substituição geracional, a taxa de fecundidade total deve ser de 2,1 crianças por mulher em idade fértil. Atualmente, a taxa global é de 2,2 filhos, tendo caído de cerca de cinco filhos por mulher em 1950.

Medidas Recomendadas

Os cientistas recomendam várias medidas para enfrentar estes desafios:

  • Países de baixo rendimento: Melhorar o acesso à contraceção e apostar na educação feminina para reduzir as taxas de natalidade.
  • Países ricos com baixas taxas de fertilidade: Apoiar os pais e promover a imigração para manter a dimensão da população e o crescimento económico.

Mudanças Sociais e Económicas

Stein Emil Vollset, do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME), destaca que enfrentaremos mudanças sociais surpreendentes, com alguns países a experienciar um “baby boom” e outros uma quebra acentuada de nascimentos. Esta situação criará desafios económicos e sociais:

  • Países com envelhecimento populacional: Necessidade de pagar e dar assistência a populações envelhecidas.
  • Países da África Subsaariana: Lutar para apoiar a população jovem e de rápido crescimento em zonas politicamente e economicamente instáveis, com sistemas de saúde frágeis.

Previsões Globais para 2100

Os investigadores preveem que, em 2100, apenas seis países terão taxas de fertilidade acima do nível de substituição. Em contraste, muitos países terão taxas inferiores a um filho por mulher, incluindo Butão, Bangladesh, Nepal e Arábia Saudita. Cabo Verde terá uma das taxas de fertilidade mais baixas do mundo, prevista para 0,91.

Para a Europa Ocidental, a taxa de fertilidade prevista é de 1,44 em 2050 e de 1,37 em 2100. Israel, Islândia, Dinamarca, França e Alemanha deverão ter as taxas mais elevadas.

Conclusões e Desafios Futuros

O estudo conclui que a maioria do mundo está em transição para um declínio natural da população. Apenas 26 países continuarão a registar crescimento populacional em 2100, incluindo Angola, Zâmbia e Uganda.

Natalia V. Bhattacharjee, investigadora do IHME, sublinha a importância do reconhecimento global dos desafios da migração e das redes de ajuda, especialmente à medida que o baby boom da África Subsaariana continua em ritmo acelerado. Austin E. Schumacher destaca a necessidade de priorizar esta região nos esforços para combater as alterações climáticas, melhorar a infraestrutura de saúde e garantir direitos reprodutivos e educação para as raparigas.

Este estudo evidencia a necessidade urgente de políticas globais coordenadas para mitigar os impactos destas mudanças demográficas significativas.

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