Um estudo recente revela que a maior parte do mundo enfrentará sérios desafios ao crescimento económico devido à diminuição da força de trabalho e à necessidade de assistir a população envelhecida. Este estudo, publicado na revista científica britânica Lancet, alerta para as drásticas quebras nas taxas de fertilidade até 2100, com enormes consequências para as economias e sociedades.
Os autores do estudo destacam um “mundo demograficamente dividido” e apelam aos governos para planearem face às ameaças emergentes, que incluem:
Segundo o estudo, até 2050, mais de três quartos dos países não terão taxas de fertilidade suficientemente altas para manter o tamanho da população. Este número aumentará para 97% até 2100. Além disso, a percentagem de nados-vivos quase duplicará nas regiões de baixos rendimentos, passando de 18% em 2021 para 35% em 2100. Prevê-se que a África Subsaariana será responsável por metade das crianças nascidas no planeta em 2100.
Para sustentar a substituição geracional, a taxa de fecundidade total deve ser de 2,1 crianças por mulher em idade fértil. Atualmente, a taxa global é de 2,2 filhos, tendo caído de cerca de cinco filhos por mulher em 1950.
Os cientistas recomendam várias medidas para enfrentar estes desafios:
Stein Emil Vollset, do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME), destaca que enfrentaremos mudanças sociais surpreendentes, com alguns países a experienciar um “baby boom” e outros uma quebra acentuada de nascimentos. Esta situação criará desafios económicos e sociais:
Os investigadores preveem que, em 2100, apenas seis países terão taxas de fertilidade acima do nível de substituição. Em contraste, muitos países terão taxas inferiores a um filho por mulher, incluindo Butão, Bangladesh, Nepal e Arábia Saudita. Cabo Verde terá uma das taxas de fertilidade mais baixas do mundo, prevista para 0,91.
Para a Europa Ocidental, a taxa de fertilidade prevista é de 1,44 em 2050 e de 1,37 em 2100. Israel, Islândia, Dinamarca, França e Alemanha deverão ter as taxas mais elevadas.
O estudo conclui que a maioria do mundo está em transição para um declínio natural da população. Apenas 26 países continuarão a registar crescimento populacional em 2100, incluindo Angola, Zâmbia e Uganda.
Natalia V. Bhattacharjee, investigadora do IHME, sublinha a importância do reconhecimento global dos desafios da migração e das redes de ajuda, especialmente à medida que o baby boom da África Subsaariana continua em ritmo acelerado. Austin E. Schumacher destaca a necessidade de priorizar esta região nos esforços para combater as alterações climáticas, melhorar a infraestrutura de saúde e garantir direitos reprodutivos e educação para as raparigas.
Este estudo evidencia a necessidade urgente de políticas globais coordenadas para mitigar os impactos destas mudanças demográficas significativas.